Nioaque, comemora nesta terça-feira, dia 18, o seu 133º aniversário de Emancipação Política-Administrativa, guardando em sua história as marcas profundas do trauma da Guerra do Paraguai, que assolou a região e deixou cicatrizes. Violência, ódio, dor, medo e terror permearam a vida da população durante esse conflito devastador.
Após a guerra, o povoado de Nioaque, que havia sido quase completamente destruído, precisou enfrentar a árdua tarefa de reconstrução e superação. A bravura dos sobreviventes foram fundamentais nesse processo. Nioaque passou a ser conhecida como "Terra de Bravos e Berço de Heróis", um reconhecimento à coragem e resiliência daqueles que lutaram e reconstruíram suas vidas na região.
Entre os anos de 1870 e 1900, em um período de apenas três décadas, Nioaque alcançou seu ápice e conquistou sua emancipação política. A reconstrução do povoado, que restava apenas como um local em ruínas após a guerra, foi possível graças ao trabalho árduo e à esperança daqueles que acreditavam em um futuro melhor para Nioaque.
No entanto, a região enfrentou desafios emocionantes. A transferência do Comando e Quartel do Distrito Militar de Guarnição com a Fronteira, que ocorreu dois anos após o fim da Guerra do Paraguai, trouxe alguma esperança de reconstrução para Nioaque. No entanto, as dificuldades persistiam, principalmente relacionadas à comunicação e transporte. Não havia recursos, comércio, gado nem centros político-administrativos e judiciários.
A situação de estagnação e indefinição perdurou até 1877, quando o então Presidente da Província tomou a decisão de iniciar o processo de desenvolvimento e emancipação de Nioaque. Nesse ano, o povoado foi elevado à categoria de Freguesia, recebendo postos de correios, distritos provisórios, juízes de paz e uma paróquia dedicada a Santa Rita de Cássia.
Durante esse processo, as autoridades chegaram a mudar o nome do povoado para "Levergeria", em homenagem a Augusto Leverger, como um mecanismo simbólico para estimular o progresso e amenizar as dores da guerra. Essa denominação refletia a esperança de tempos modernos, de renascimento e desenvolvimento. No entanto, em 1883, o nome original, "Nioac", foi restaurado, apenas para ser alterado novamente para "Levergeria" em 1890, enfatizando uma vez mais o sentido de renovação. No entanto, em 1892, o nome primitivo de "Nioac" foi finalmente assumido.
A história da emancipação de Nioaque é um reflexo das adversidades enfrentadas pelo povo da região durante a Guerra do Paraguai e do espírito resiliente e corajoso daqueles que lutaram para recuperar suas vidas e seu lar. A transformação de um povoado em uma cidade, em um curto período de tempo, demonstra a força e o espírito de uma comunidade que criou grandes desafios e superou obstáculos para alcançar a emancipação política e buscar um futuro melhor para si mesmos e para as gerações futuras.
Fonte: Professor José Vicente Dalmolin
